terça-feira, 31 de março de 2009

Sonho de uma música


O sonhador descobrira da pior maneira.
Ao acordar, acreditava que o sonho continuava. Quanto vale um sonho? Perguntava-se à todo instante. O que o sonho representa?
Sabia que suas perguntas poderiam ser facilmente entendidas. Abriria um livro de Jung ou Freud, em conjunto com o Dicionário de Símbolos e alí, prontinha, sairia sua resposta.
Mas não era isso que queria. Que desejava.
O sonhador, assim como o Trovador, conhecia a dor. Ele pelo som. O outro pelo trovão.
O som da dor era espetacular. Causava a ânsia de lutar. Lutar contra ela. Contra a dor que incomodava. Era um zunido ligeiro, que trazia a lembrança antiga que mais atormentava o Sonhador.
Diferente do Trovador. Que construia sua dor baseado na força do trovão. O Sonhador não tinha força. Acreditava que sua condição seria explicada por ela mesma. Acreditava que o sonho parecia mentira.
Diziam que o sonho era a realização de um desejo. Não para o sonhador. Não para o senhor dos sonhos. Dos seus sonhos.
Até onde poderia ir o sonho? E até onde iria a realidade? Perguntas essas que não saberia responder. Pensava... E o único momento que conseguia integrar sonho e realidade, era na música. Aquela música, aquele som. O Som do sonhador. Da dor. E da tristeza. Da melancolia. E da alma.
E a música bastou. E ele se viu num enorme balão voando sobre seus sonhos. Ouvindo a música de sua dor.

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