quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Diálogo unitário

- Nossa, cheguei.
- Não disse que você chegaria?
- Então, agora é começar a viagem.
- Mas sua viagem já começou quando colocou os pés naquele avião.
- Verdade... Verdade...
- Pra onde vai agora?
- Organizei toda a minha viagem. Tenho 6 cidades em 8 dias... correria... mochilão...
- Vai conseguir?
- Claro, por que não?
- Hum, primeira parada?
- Roma - Berço da Humanidade.
- Segunda?
- Florença - Berço do Renascimento.
- Terceira?
- Bolonha - Berço das Universidades.
- Quarta?
- Veneza - Berço da Diferença.
- Quinta?
- Verona - Berço do Romance.
- Sexta e última?
- Milão - Berço da Moda.
- E depois?
- Volto para o início de tudo... A Boa e Velha Coimbra...


E assim, em uma conversa comigo mesmo... eu conheci a Itália.

Fontana di Trevi - Berço da minha viagem

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A Ideia Original

Quando se pensa em Originalidade logo a mente se submete a algo criativo, inovador... original.

Ou então, a algo que veio primeiro, como se todo o restante fosse "não original".

Mas mesmo assim, as vezes me pergunto o que é ser original. Como trabalhar no desenvolvimento de minha originalidade, para crescer na vida.

Somos seres originais. Em todos os sentidos e também em nenhum sentido. Mas somos. Ponto.

Eu gosto daquilo que é original. Desde aquele CD da Trilha Sonora, passando pelo DVD daquele filme, até chegar na sensação que tudo isso causa.

Porque nada se compara ao sentimento genuíno, original que um bom filme pode proporcionar.
Seja ele um drama ferrenho (com direito a litros de lágrimas em mais ou menos 2 horas de exibição), ou um romance totalmente melodramático (Run Forrest Run! - não foi impulsionado pelo amor?), passando por um suspense de gelar a espinha (sem ver "Dead People", por favor) até chegar naquele terror escrachado que te faz pular do sofá (com direito a sopas de ervilha imitando vômito!).

Enfim, a grande ideia por detrás de tudo isso, é o sentimento original que isso causa. E através de um certo instrumento, pode-se viajar e sentir realmente o que o coração manda.

Porque ele sempre manda. Sempre.

E ai, surge aquele momento em que você realmente acredita que a vida não poderia ter feito isso com você. Sabe? Aquela hora em que seus pensamentos te levam involuntariamente para a frase: "IH! FERROU!".

Aquele parte da história, que surge aquela bifurcação, mas que realmente não sabe qual caminho tomar.

Porque a angústia da escolha está na renúncia das demais opções. Porque nossos pensamentos são ações em potencial. Porque sair da zona de conforto, que em muitos casos é a fonte principal de angústia, apresenta-se como extremamente difícil.

E acredito que não são todos que querem ficar na zona de conforto sentindo-se tão angustiados?!?!?!

Mas essa, é apenas mais uma das muitas dicotomias que a vida nos apresenta. Não seria uma crise existencialista se realmente nos sentíssemos confortáveis em nossas zonas de conforto.

Nominho irônico esse...

Ser original é poder sentir essas variações que a vida faz questão de jogar em nossa cara todos os dias. E que alguns filmes, bastante originais, copiam da vida para ilustrarem esses jogos dicotômicos.

E o que fazer para sair daquele sentimento? Daquela ideia original que nos persegue?
O que fazer para transformar aquela ideia original que já está enraizada na sua cabeça, e que não quer mesmo ser mudada?

O que fazer quando todas as opções levam ao mesmo lugar? O que fazer quando parece que suas ações o fazem andar em círculos? O que fazer?

Olhar pra lua as vezes ajuda. Ouvir uma música no último volume do iPod enquanto dá uma volta a pé também ajuda. Escrever num blog as 3:42 da madrugada também é uma boa saída.

Mas não uma resposta. É extremamente difícil encontrar respostas. Mesmo quando já se sabe quais são as perguntas. E ai o por que? se transforma em porque.

Por que o mundo é tão complicado?
Porque sim.

Porque quando você está com o coração partido, o mundo não pára para que você o conserte. (William Shakespeare). E quando saber que ele já está consertado? Quando as pessoas param de perguntar sobre ele? Ou quando ele volta a bater de forma original?

Queria trilhar um caminho original, que não me levasse novamente a Roma (Verona quem sabe), porque sei, acredito... que não são todos os caminhos que levam a Roma.

Nesse meio tempo, ouço uma música olhando para o céu. Para aquela lua que surge com toda a força de um astro. E que pode iluminar um caminho original para este que pensa muito nisso.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Visão Geral de um ponto Específico (e um pouco de Psicologia)

Existe uma visão correta?
Existe um conceito na Psicologia Fenomenológica chamado de "Figura e Fundo". Ele auxilia o ser humano na construção, abertura e fechamento de suas gestalten (as formas que damos aos acontecimentos da vida).

Olhamos para mundo e aquilo que vemos em primeiro plano, que a nossa visão nos apresenta como prioridade, é denominado de Figura. É o ponto principal de toda interpretação do mundo.

Mas este mesmo mundo não para enquanto observamos nossas Figuras, e toda a existência que fica atrás, recebe o nome de fundo.

Outro dia fui a São Paulo de trem. Com os fones do iPod no último volume, ouvia "Flightless Bird, American Mouth"enquanto olhava da janela o ambiente e pensava em algunas coisas da vida.

Ouvir, olhar e pensar eram as minhas Figuras naquele dia. Todo o resto era o fundo. Era a parte de trás, que sustentava as prioridades da mente.

Estava tão focado naquelas figuras, que quando dei por mim já estava na estação para descer. 

O que queremos da vida? Qual o objetivo de seguirmos dia após dia, a nossa rotina de pensamentos, ações, reflexões?

O que nos motiva?

Qual é  nossa figura? E podemos ser a figura da outra pessoa?

Somos olhados? Somos observados?
Olhamos? Observamos?

Shakespeare dizia que enquanto seu coração se quebra, o mundo não pára para que você o conserte. Victor Hugo dizia que A medida da vida é amar sem medidas.

Complexo. Amar segundo Victor Hugo com a preocupação de Shakespeare.

Ai entra nosso Inconsciente: Obrigando-nos a observar o fundo tomando vida e se transformando em figura. E nem como um bom existencialista podemos fugir da liberdade de escolha, porque ele age antes de termos consciência de nossas escolhas.

E seguimos. Alguns observam aquela figura conhecida do alto de um navio, de braços abertos sentindo o vento e a maresia. Outros decidem observa-la através do alto do Empire State.

Outros abrem aquele livro antigo onde encontra-se "Bento e Capitulina" escrito em um de seus capítulos.

E outros, ainda, preferem juntar tudo numa coisa só... e fazer da figura, uma feijoada completa... porque sempre, sempre, é preciso colocar água no feijão.

Tem aquele que percebe sua figura como o último biscoito do pacote, e sem ela, não há motivo para mais nada. Tem o outro que olha para sua figura e desconfia não saber de tudo o que ela pensa. Tem aquela que se anula por sua figura, perdendo tudo o que a torna um indivíduo.

E como analisar, julgar, decidir, enfim... entre qual tipo é mais adequado?

"Arre, estou farto de semideuses" - dizia Fernando Pessoa.

Jung já dizia que na nossa primeira metade da vida estamos mais propensos a vivermos a sombra de nossas personas... Fazemos das nossas "máscaras sociais" a figura de nossa existência... A maneira correta e adequada de vivermos todos os dias...

Não queremos, de forma alguma, olhar para o fundo... Apenas para a figura... Pois é ela a protagonista de cada peça individual.

As vezes, ficamos presos nos olhos de ressaca, que esquecemos dos olhos de cigana obliquos e dissimulados das Capitu`s figuras do nosso ser.

Porque, sim, temos as figuras que se destacam dentre as figuras.

Os semideuses.

Aquelas figuras que não são apenas figuras... Que se apresentam como as mudanças paradigmáticas que tanto buscamos... ou tentamos buscar...

Aquela figura, que torcia tanto para deixa-la no fundo... quieta, apenas como mais um detalhe do grande cenário da vida...

... Não precisava se transformar novamente em Figura... e ainda por cima... com aquela intensidade tão forte capaz de mudar a forma de agir...

A figura é o instrumento que adquirimos para olharmos a vida através de partes... de pontos de importância... e o que deveria servir para diminuir a angústia da existência, muitas vezes, faz o papel contrário...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Notas sobre a Adolescência

Há alguns anos atrás eu era um adolescente. Hoje, eu estudo sobre a adolescência.

Naquela época (há mais ou menos uns 10 anos) não tínhamos consciência de que a Adolescência seria caracterizada por um período de descobertas e angústias, onde o ser humano continua seu processo de desenvolvimento e evolução.

Não não! Apenas vivíamos nossa vida, nossa rotina. Acordávamos cedo, íamos para a Escola, estudávamos (para provas, trabalhos, no meu caso, exatas nunca foi completamente entendida!).  A tarde, encontrávamos no clube da cidade.

Alguns faziam inglês em outra escola, outros passavam as tardes na escola, outros no clube.

Nessa rotina, vivíamos as nossas descobertas. As nossas angústias e alegrias desta etapa da vida. Mas não de forma "normal ou adequada"; apenas de forma natural.

Alguns preferiam um livro, outros uma partida de futebol. Alguns eram os alvos de chacotas, outros eram os que as faziam.

Mas todos nós continuávamos. Uns namoravam, outros ficavam e outros nem isso. Uns eram mais tímidos, outros mais atirados. Mas éramos felizes?

Acredito que sim.

Há 10 anos, a vida era diferente. Nosso mundo era pequeno, confortável, mas extremamente angustiante. Eram angústias que, ao aprender sobre elas no futuro, começavam a nos forçar a sair da inércia da zona de conforto.

Assistíamos a programas na televisão que serviam para diminuir nossos questionamentos, afinal, não éramos os únicos a sentir tudo aquilo. Ouvíamos músicas para exemplificar as sensações.

Mas todos nós sabíamos que era passageiro.

E a nossa realidade era modificada a cada dia. O coração sempre aos pedaços, pois nos apaixonávamos com a mesma facilidade que dizíamos "Olá". Mas a cada decepção, a dor era sempre enorme.
As amizades que sabíamos que seriam para toda a vida, mostraram-se ser com menos pessoas do que imaginávamos.

E continuávamos a seguir nossos caminhos.

Alguns choravam mais que outros. Alguns passavam por experiências que mexiam com todos ao redor. Alguns faziam festas, que ficaram marcadas em nossos corações.

Porque aquilo, era a nossa existência.

Ser adolescente há 10 anos atrás era bem diferente do que ser adolescente nos dias de hoje. Não tínhamos smartphones, iPods nem notebooks - o mais perto que chegávamos de tecnologia era a calculadora científica bacanuda da Casio para aulas de matemática! Não havia Justin Bieber, High School Musical nem Linkin Park ou Slipknot.

Discutíamos sobre o Nirvana ser bem melhor do que Gun`s em show ao vivo... sobre quem ficaria com a Joey no final de Dawson`s Creek. Assistíamos Malhação na época em que se passava em uma academia com a música do Lulu Santos de tema musical ("Ainda vai levar um tempo, pra fechar o que feriu por dentro, natural que seja assim, tanto pra você quanto pra mim").
Ficávamos angustiados porque nunca teríamos a chance de participar de um show do "Legião", mas todos sabíamos de cabeça, a letra de "Faroeste".

Usávamos All-Star porque nossos ídolos usavam. Ou aquelas botinhas "Lui-Lui" porque a moda era ser do surfe!

Não éramos melhores nem piores do que os adolescentes de hoje. Éramos apenas adolescentes que cresciam naturalmente. O mesmo grupo, na mesma cidade, na mesma escola.

E foi assim até 2002.

Naquela formatura o grupo se separou. Uns foram trabalhar, outros foram estudar. Humanas, exatas, biológicas, enfim, cada um sentia-se pronto, preparado para iniciar sua "vida adulta", afinal, já iriam para a Faculdade. Outros para o cursinho.

Mas cada um iria para um caminho. Para o seu caminho.

A adolescência é um período desenvolvimental onde o ser humano começa a tomar consciência sobre o seu papel no mundo. É nessa fase da vida, que continua, porém com mais intensidade, a formulação de sua identidade e de seus papéis sociais.

Na adolescência, aprendemos a nos apaixonar. E porque não a amar também.  Testamos e descobrimos,   ampliamos o mundo a nossa volta, explorando cada centímetro com olhos de uma criança.

Afinal, ainda não somos adultos, mas também não somos mais crianças.

Não pintamos nossas caras e não tiramos um presidente do poder. Mas debatíamos sobre partidos políticos e treinávamos nossa argumentação nas aulas de história, com a professora (por baixo do pano, claro, pois a escola não permitia discussões político-partidárias).

Aquela adolescência não volta mais. O que fizemos ou deixamos de fazer (tirando as artes no sentido bem arteiro do termo) já fazem parte da nossa história.

É... há 10 anos atrás, eu era uma pessoa bem diferente desta que sou hoje. Nem melhor nem pior. Apenas diferente.

Hoje sou um Psicólogo formado que faz mestrado no outro lado do oceano. Mas se não fosse pela exploração que tive naquela escola, com aquelas pessoas há 10 anos atrás, poderia ser alguém bem diferente...
Adolescentes do ano de 2002 - Ensino Médio

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Entre sonhos

Ao assistir "Chicago" percebemos que é um filme a mais. Não é apenas um musical, não é apenas um filme de tribunal.

Chicago é uma mistura. E desde os primeiros minutos, até os créditos finais, percebe-se que há diversas histórias que se entrelaçam, criando uma teia com base musical.

Chicago é uma experiência que nos faz olharmos para nós mesmos, porque são os nossos sonhos...

São os nossos sonhos que ficariam presos em uma cela.

Até onde iria a ambição? Até onde iria a vontade? O querer?

Um sonho que perdura. Uma ambição que faz com que seja necessário subir nos outros para conquistar seus objetivos.

E uma reflexão com um som musical.

Crimes que são compreendidos com a naturalidade do destino. E a música começa.

Um estalar de dedos que transforma. A realidade naquele pensamento. E a vida, tão branca e preta, se torna colorida. Com contas e luzes.

E a realidade, tão silenciosa, transforma-se em um circo.

Chicago é o retrato da nossa sociedade. Da nossa vida. E o que seria dela, se não tivéssemos momentos de calmaria?

Porque a música, em Chicago, é a fuga de todas as personagens.  E o ato de cantar, é o pedido de socorro. Cantar para não chorar. Cantar para espantar todo o mal.

Cantam para seguir com a realidade. Com aquela realidade que as levou a um caminho angustiante, fechado, como as celas de uma prisão.

O tango começa. As celas se abrem. E cada uma vai cantando seu passado. Percebem que a vida apenas segue para frente, apesar de haver retornos em pontos específicos.

A única "not guilty" faz seu número de desaparecimento. E surge enforcada na frente de todos.  Tudo porque não pôde ser defendida.

Enquanto continuavam a cantar, suas vidas deixavam de ser menos angustiantes. E encontravam um pequeno momento de calmaria.

O Grande Final surgiria como a junção do sonho e da realidade. E nas palavras do poeta "Sonho parece verdade, quando a gente esquece de acordar", naquela Chicago, aquelas pessoas só acordariam, caso conseguissem alcançar seus ideais, suas ambições.

Tudo naquela nebulosa e chuvosa Chicago.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Quando pensamos sobre o piscar dos olhos

O rapaz sabia que teria que piscar mais cedo ou mais tarde. E teria também que enfrentar tudo aquilo que significava o simples ato de piscar os olhos.

Porque os nossos monstros, podem estar escondidos naquele espaço entre o fechar e o abrir dos olhos.

E quando pensava naqueles monstros, ele sabia que era algo maior.

Porque a vida significava sempre, o abrir e fechar de novas experiências, de novas possibilidades. De novas etapas.

Mas sempre se perguntava, para onde iriam as coisas se caso sumissem neste momento de não-ser?

Porque somos. Vivemos. Amamos. Odiamos. Pensamos. Erramos. Acertamos. Enfim, somos. E quando não somos? E quando mergulhamos de cabeça na escuridão de nós mesmos?

O rapaz sabia que aquelas questões iriam afeta-lo intimamente. Porque todo ser humano, por ser humano, é afetado.

Aquele rapaz pensava no que simbolizava o piscar de olhos. Compreendia a complexidade daquele simples ato. Daquela simples ação.

O que perderia da vida nos momentos em que piscasse os olhos? Sabia que não podia se render a escuridão daquele momento.

Porque o piscar de olhos, apresentava para aquele jovem rapaz o real momento de calmaria. Mas uma calmaria vazia. Um vazio da vida. Era um momento de não-vida. O que já havia perdido? Quais as possibilidades que a vida havia lhe apresentado, e ele, por estar na escuridão plena, não conseguira perceber?

Cada momento que psicava, entrava num modo de "a-vida".

Sartre, aquele existencialista, disse em um de seus livros, que o inferno seriam os outros. Pois nenhum ser humano conseguiria viver sozinho. E cada ser humano, por ser diferente e único, entraria em conflito entre si.

Como compreender aquilo que desconhecemos? Pensava o rapaz, que já mergulhava no infinito escuro de seu ser. Percebia que deveria primeiro conhecer a escuridão, para só depois se render ao clarão.

Porque a luz só é importante para aqueles que vivenciaram a escuridão.

E pensou naquela imagem arquetípica de anjos e demônios. Porque sabia que haviam anjos embaixo e demônios dentro daquele momento escuro.

Porque aquele momento escuro, estava dentro de si-próprio. O claro e o escuro estavam dentro dele. E de nada adiantaria compreender apenas um ponto da caminhada, se o trajeto era composto por escadas.

Escadas são feitas para subir E descer. Seu sonho era encontrar-se com aquele anjo que lhe auxiliaria na sua busca da luz. Na sua ação de abir os olhos.

Mas sabia, que para abrir os olhos, deveria primeiro fecha-los.

Respirou fundo, empunhou seus ideais (um Cavaleiro contemporâneo se utiliza de ideias e ideais, não de espadas e escudos) e partiu para sua batalha. Não podia responsabilizar ninguém por isso. A batalha só terminaria porque encontraria o seu dragão. E sabia com toda a certeza, que ao encontra-lo, ele poderia sim, ser apenas um moinho de vento.

O Cavaleiro Errante seguiu viagem. E deparou-se com belezas imensuráveis. Tais belezas lhe mostravam que a vida podia ser bela. Clara. Cheia de luz.

O Cavaleiro Errante seguiu viagem. E deparou-se com tristezas imensuráveis. Tais tristezas lhe mostravam que a vida podia ser triste. Escura. Cheia de escuridão.

Mas o importante era a descoberta da dicotomia. Soube que não havia luz, sem escuridão. Que não havia mente sem corpo. Que não existiam anjos, sem os demônios. E que o ato de piscar os olhos, unia seu verdadeiro interior (aquele self que tentamos a vida toda esconder) com o universo.

Porque o Universo não estava apenas um uma casca de noz. Ele estava, acima de tudo, dentro de si-próprio.

E se não abrisse os olhos logo após fecha-los, poderia ter a tentação de viver apenas pelo princípio do prazer.

O Universo era nada mais do que a sua essência. Aquela parte imutável, mas adaptável de cada um. Com todas as dicotomias que se tem o direito de ter. E com todos os questionamentos que se deve ter.

Sabia que o Universo precisava ser desbravado. Tudo isso, naquele momento entre o fechar e o abrir das pálpebras.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Guerras

Sempre há guerras pelas quais nós devemos lutar.

Sempre.

E sempre.

Só há guerras, porque um dia, o ser humano conheceu a paz. E hoje, batalha para retornar ao estado pacífico.

Mas, novamente, só fazemos guerras, tempestades nos copos d`água da vida, quando percebemos que devemos lutar.

Somos mesquinhos, egoístas, pois para nós, precisamos arregaçar os braços quando um conhecido e/ou parente é atingido; caso contrário, não é conosco.

A miséria daquele que vemos todos os dias no centro da cidade, não é conosco. A situação complexa (e complicada) da África, sim, uma pena... e... hum... não é conosco também, afinal, vivo na América do Sul.

A guerra dos USA contra o terrorismo, e consequentemente contra o Afeganistão também não é problema  nosso, afinal, apenas os estadunidenses (porque somos todos americanos!) que foram para lá.

Mas existem guerras e existem guerras.
Todos os dias, somos chamados por nós mesmos a batalharmos em algumas guerras diárias. Aquelas que aparecem no nosso dia-a-dia, no nosso cotidiano. E que felizmente ou infelizmente, estão diretamente ligadas ao nosso processo de desenvolvimento.

E nesse contexto, de guerras, batalhas e desenvolvimento. Que o amor surge.
Uma história pode ser contada em uma carta. Em várias cartas, em um livro. Em uma filme, num e-mail. Enfim, pode-se expressar um sentimento de maneiras que o coração desconhece, mas e quando as nossas histórias não saem da forma como a planejamos?

E quando nossa vida, vai por caminhos tão estreitos que acabamos cedendo? O que aconteceria se um amor não resistisse ao tempo? A distância? A falta de contato?

Um amor pode durar apenas pelo diálogo? Pela conversa, mesmo que seja verdadeiramente apaixonada? Mesmo que haja a reciprocidade dos sentimentos e a real sensação de amor ao dizer aquela frase de três palavras tão mundialmente conhecida?

Em Portugal eles ficaram "Juntos ao Luar", no Brasil, tudo começou com "Querido John". Uma guerra que dá pano de fundo para os encontros e desencontros de corações.

Mas diferente daquelas guerras com bombas, armas de fogos e munições. Esta guerra possui apenas um campo de batalha. O próprio pensamento. A própria existência. Uma guerra que acontece na mente. Que obriga o coração a escolher um lado, dizendo que ele não PODE ser igual aos de todas as mães.

Aquela guerra, que no fundo, todos nós nos tornamos soldados, capitães, tenentes, generais. Porque só temos chances de vencer tal batalha, se guerrearmos olhando para o espelho. Para nós mesmos.

Para nós mesmos...

Sempre há guerras pelas quais nós devemos lutar.
E sempre haverão guerras que tentarão destruir nosso coração.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A espera do tempo

Se perder pelas ruas minúsculas da Itália não tem preço. Programar uma viagem e descobrir que 60% dela foi feita na sorte, significa apenas uma coisa: Siga em frente.

Enquanto eu estava na Europa, eu vivi algo parecido ao relatado naquele filme. Tanto que fui 2 vezes ao cinema assisti-lo.

O filme dizia que a protagonista faria uma viagem de um ano para aprender: Aprender a comer na Itália, aprender a orar na Índia e aprender a amar na Indonésia.

Três I`s.

Mas a minha viagem foi um pouco diferente. Foram também três países. Portugal, França e Itália. E sim, parafraseando tal história, eu aprendi coisas distintas em cada um deles:

Em Portugal eu aprendi. (ponto).
Aprendi a comer bacalhau com azeite e azeitona. Aprendi a orar, a trazer mais próximo de mim o meu lado espiritual. Aprendi a amar. Amar as oportunidades que me foram apresentadas.

Lá na cidade de Coimbra, minha primeira residência solitária, eu percebi o tamanho dos meus passos. Percebi a imensidão das minhas escolhas.
Depois na França, em cima da Torre Eiffel, eu tive certezas que me acompanhariam por toda a minha vida. Aquelas certezas que se tornam absolutas. E lá na França, terra do romantismo, do "l'amour", "je t'aime", eu percebi que quando se tem certezas absolutas, a vida te mostra que nada é para sempre.
Uma semana antes de ir para a Itália eu tive frios na barriga constantes. mais até da minha viagem a Portugal. Engraçado, porque o pior já tinha passado. E ao chegar em Roma e de lá ir pra Firenze, Bolonha, Veneza, Verona e Milão, percebi que as vezes, a melhor companhia pode ser você mesmo.

"Melhor só que mal acompanhado" dizem. Estar sozinho pode ser a melhor companhia para um certo momento. E na Itália, se estivesse acompanhado, não teria sido tão significativo.

Aprender a comer. Não literalmente, mas sim, metaforicamente. Comer simboliza o auto-preenchimento, isto é, sentir-se com conteúdo, encher-se de vida. De energia vital. Na Itália, aquela personagem não aprendeu a comer, mas sim, aprendeu a se preencher.

Aprender a Orar. Quando vivemos nossas vidas apenas na oração, nos transformamos em fanáticos, porque o ato de orar ou rezar, significa apenas, meditar. Conversar consigo próprio, ouvir aquela voz interna. Na Índia, ela não aprendeu a orar. Mas sim, aprendeu a se olhar. A estar em contato consigo mesma.

Aprender a amar. Ninguém aprende a amar. Amar é uma ação inconsciente do ser humano. Cada um ama de uma forma, mas o amor é universal. E na Indonésia, ela não aprendeu a amar. Mas sim, deu possibilidade para se sentir amada.

Acredito que todos podemos ter um momento "Comer Orar Amar" sem nos preocuparmos em fazer uma longa viagem. Podemos ter um momento de transformação, de mudanças, quando começamos a querer a mudar nossa percepção do mundo.

Ai sim, nós podemos começar a re-aprender várias coisas, dentre elas, sentir-se saudável biologicamente (comendo), psicologicamente (orando consigo próprio) e socialmente (amando ao outro e a si).

Uma tríade sabiamente escolhida. Pois apresentam um momento arquetípico em nossa evolução. Comer, mas não simplesmente comer. Orar, mas não apenas orar. Amar, mas não simplesmente amar.

Tudo o que fazemos há um sentido. E com a intensidade desejada, nada é simplesmente algo.

Coma com intensidade.
Ore com intensidade.
Ame com intensidade.

Vamos para o Carpe Diem.

AYH AYH CAPTAIN.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Um retorno provisório/permanente


Outro dia aquele sentimento de retorno ficou forte. E o retorno não estava tão longe assim. Mas eu estava do outro lado do oceano. Em um país que se fala a mesma língua, mas com um jeitinho todo peculiar.

Algumas respostas haviam sido encontradas. E outras perguntas surgiram na sequência. Porque nada melhor do que a pergunta para nos motivarmos.

Aquela sensação não terminava. E o dia se aproximava. O relógio do antigo blog (que de um dia para o outro decidiu me deixar na mão) chegava ao seu momento chave.

E eu começava a encarar mais uma escolha angustiante (como todas as escolhas) da minha vida. O que fazer? Para onde ir? Qual o caminho agora?

Eu procurava as respostas nos lugares menos prováveis. E refletia sobre coisas opacas, que não possuíam mais reflexo.

Até que ouvi uma música. Gosto das Trilhas Sonoras de Filmes, porque o CD é montado na ordem em que elas aparecem nos filmes. E aquela frase ressoava na minha mente: "Socorro alguém me dê um coração, que esse já não bate nem apanha".

Um coração indiferente. Um coração que se recupera, dias após dia. Que deixa de ser um caco, para se tornar O Caco novamente.

Que rumo tomar? Qual escolha realizar?

Espero apenas esse coração se re-unir, para que ele possa realizar sua função.

Amar, não é?


Sejam Bem-vindos a nova fase desse balaio.

sábado, 26 de março de 2011

Novo Blog

O Balaio das Ideias está de local novo...


Agora, apresenta-se em

www.balaiodeideias.xpg.com.br


Aqueles que acompanhavam este balaio, por favor, sigam o link acima


Obrigado