terça-feira, 25 de outubro de 2011

Visão Geral de um ponto Específico (e um pouco de Psicologia)

Existe uma visão correta?
Existe um conceito na Psicologia Fenomenológica chamado de "Figura e Fundo". Ele auxilia o ser humano na construção, abertura e fechamento de suas gestalten (as formas que damos aos acontecimentos da vida).

Olhamos para mundo e aquilo que vemos em primeiro plano, que a nossa visão nos apresenta como prioridade, é denominado de Figura. É o ponto principal de toda interpretação do mundo.

Mas este mesmo mundo não para enquanto observamos nossas Figuras, e toda a existência que fica atrás, recebe o nome de fundo.

Outro dia fui a São Paulo de trem. Com os fones do iPod no último volume, ouvia "Flightless Bird, American Mouth"enquanto olhava da janela o ambiente e pensava em algunas coisas da vida.

Ouvir, olhar e pensar eram as minhas Figuras naquele dia. Todo o resto era o fundo. Era a parte de trás, que sustentava as prioridades da mente.

Estava tão focado naquelas figuras, que quando dei por mim já estava na estação para descer. 

O que queremos da vida? Qual o objetivo de seguirmos dia após dia, a nossa rotina de pensamentos, ações, reflexões?

O que nos motiva?

Qual é  nossa figura? E podemos ser a figura da outra pessoa?

Somos olhados? Somos observados?
Olhamos? Observamos?

Shakespeare dizia que enquanto seu coração se quebra, o mundo não pára para que você o conserte. Victor Hugo dizia que A medida da vida é amar sem medidas.

Complexo. Amar segundo Victor Hugo com a preocupação de Shakespeare.

Ai entra nosso Inconsciente: Obrigando-nos a observar o fundo tomando vida e se transformando em figura. E nem como um bom existencialista podemos fugir da liberdade de escolha, porque ele age antes de termos consciência de nossas escolhas.

E seguimos. Alguns observam aquela figura conhecida do alto de um navio, de braços abertos sentindo o vento e a maresia. Outros decidem observa-la através do alto do Empire State.

Outros abrem aquele livro antigo onde encontra-se "Bento e Capitulina" escrito em um de seus capítulos.

E outros, ainda, preferem juntar tudo numa coisa só... e fazer da figura, uma feijoada completa... porque sempre, sempre, é preciso colocar água no feijão.

Tem aquele que percebe sua figura como o último biscoito do pacote, e sem ela, não há motivo para mais nada. Tem o outro que olha para sua figura e desconfia não saber de tudo o que ela pensa. Tem aquela que se anula por sua figura, perdendo tudo o que a torna um indivíduo.

E como analisar, julgar, decidir, enfim... entre qual tipo é mais adequado?

"Arre, estou farto de semideuses" - dizia Fernando Pessoa.

Jung já dizia que na nossa primeira metade da vida estamos mais propensos a vivermos a sombra de nossas personas... Fazemos das nossas "máscaras sociais" a figura de nossa existência... A maneira correta e adequada de vivermos todos os dias...

Não queremos, de forma alguma, olhar para o fundo... Apenas para a figura... Pois é ela a protagonista de cada peça individual.

As vezes, ficamos presos nos olhos de ressaca, que esquecemos dos olhos de cigana obliquos e dissimulados das Capitu`s figuras do nosso ser.

Porque, sim, temos as figuras que se destacam dentre as figuras.

Os semideuses.

Aquelas figuras que não são apenas figuras... Que se apresentam como as mudanças paradigmáticas que tanto buscamos... ou tentamos buscar...

Aquela figura, que torcia tanto para deixa-la no fundo... quieta, apenas como mais um detalhe do grande cenário da vida...

... Não precisava se transformar novamente em Figura... e ainda por cima... com aquela intensidade tão forte capaz de mudar a forma de agir...

A figura é o instrumento que adquirimos para olharmos a vida através de partes... de pontos de importância... e o que deveria servir para diminuir a angústia da existência, muitas vezes, faz o papel contrário...

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