domingo, 12 de julho de 2009

Notas sobre uma Saga


E Amanheceu. O Céu cumpriu com sua rotina, e após o Crepúsculo, o nascimento da Lua, sua junção com o Sol, amanheceu.

O que poderia ser mais prático, lírico e sentimental do que a verdadeira sensação de novidade? A realização de uma vida. A aceitação de uma condição e de um sentimento.

Uma saga é uma história épica. É apresentada aos poucos, devagar, porém com certa intensidade. Ao pensar em saga, lembro-me de "Cem anos de Solidão" do bom e velho Márquez. Uma história que se desenrola em um longo palco, com um enorme pano de fundo.

A Saga possui 4 livros: Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse e Amanhecer. E apesar dos rótulos (muitos, diversos e alguns sem qualquer embasamento), pensei em sua essência.
A descoberta, a dor, a divisão e a integração. A Maçã, a Pétala, A Fita e o Xadrez.
4 símbolos que exprimem a verdadeira sensação da vida. A busca por seu papel em um mundo cada vez mais distante e diferente daquele que aprendemos a conviver. E viver. As escolhas que a vida apresenta e suas responsabilidades advindas desta.

A História de Bella é a busca por seu lugar no mundo. Por sua auto-aceitação. E ao conhecer Edward, percebe sua diferença. Sua própria diferença. O fato de Edward esconder um segredo, instiga a protagonista a refletir sobre sua vida, suas realizações e sonhos. Crepúsculo, assim como o nascer do sol, apresenta a beleza da juventude. Apresenta os medos e angústias próprios desta etapa da vida. Edward não é um vampiro, mas sim um símbolo da diferença, do desconhecido. Daquilo que temos medo em nós mesmos. E Bella inicia uma busca por seu interior. Uma caminhada por seu auto-conceito.
O sol se põe, e uma nova lua surge no céu. Bella deve lidar com a perda. Com a aceitação e com a re-significação de algo em sua vida. Um luto. Uma perda. E uma esperança. Lua Nova é a elaboração de um luto e a re-significação de uma história. É o desespero, a angústia e agonia de uma situação traumática. A separação. A dor existencial através de único ato. De um esquecimento forçado. De uma mudança paradigmática. É a negação da perda; a raiva da separação; a criação de um acordo pela estabilidade; o choro pela dor e a aceitação pela vida. É o amor que surge no céu como um novo momento para equivalentes acontecimentos.
Ao se unir com o Sol, cria-se um Eclipse. A Lua e o Sol unem-se ao redor de Bella. O quente e o frio. Bella é a mediadora e prossegue em seu processo de escolha. Dúvidas surgem, o medo permanece. Com o Eclipse, a vida apresenta uma reviravolta. Seus estudos terminam e ela se vê presa em uma condição. O passado retorna e com ele, possíveis caminhos começam a surgir. Sua esperança fica por um fio. E ela não se sente completa. Não daquela maneira. Na Mitologia Grega, os oráculos eram responsáveis pelo fio da vida dos mortais. Ao se cortar o fio, o humano morria.
Após uma noite de Eclipse, amanhece para um novo dia. Uma nova vida. Um novo despertar. Em Amanhecer Bella escolhe. O ato de escolher apresenta a maturidade e o crescimento. Surge a união, a integração. Sua independência, seu crescimento. Bella passa de garota para mulher. Apreende sua nova condição e luta por ela. Passa a desempenhar um papel de protagonista em sua própria vida. Suas escolhas apresentam imposições. Sua nova condição obriga que ela mate parte de seu passado para dar lugar a seu futuro. E nessa escolha, nesse ato, nesse pensamento, entra em sua própria estrada. Bella amanhece para a vida que escolheu. Para a existência que ajudou a construir. E segue, consciente, por sua estrada de tijolos amarelos.

Tal Saga é mais do que um romance-adolescente. É um exemplo de escolha. É o reforço de uma ação. Indica o livre-arbítrio e a livre expressão. Surge o conflito, o medo, a insegurança; mas também o amor, a liberdade e o amadurecimento. É um chamado para a diferença. E para o sentir-se diferente. É uma vida. Mesmo que de forma ficcional, é um motivo de reflexão.
É a Maçã da tentação, da dúvida. É a pétala despedaçada da agonia, da desilusão. É a fita da desunião e do renascimento. É o Xadrez da liderança, e da escolha.

A Saga é a representação daquilo que mais é característico do ser humano. O dom de sentir.

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