sábado, 23 de janeiro de 2010

Ao som da Decepção



Sentiu. Pensou. Sentiu. Pensou. Assim como as batidas do coração. Que se igualam ao bater de asas dos pássaros.

O garoto que até então não havia sentido aquilo, sentiu-se surpreso com a intensidade daquelas palavras. Daqueles argumentos. Daqueles verbos, pronomes, adjetivos, advérbios, enfim, daquela sintaxe pouco a vontade que lhe era dita. E percebeu que não estava sozinho.

Mas em uma noite chuvosa e fria de verão, o garoto descobriu a decepção. Encontrou a frustração. Naquela mesma noite, perguntou-se o que havia feito. Que contradição da vida havia presenciado e participado. E sabia a resposta. Não queria admitir, mas sabia a resposta.

O garoto estava perdido. Em seus planos, em seus sonhos, em suas abstrações. Estava perdido. Precisava encontrar o caminho que seguiria. Seus sonhos estavam na UTI, e ele deveria retira-los de lá o mais rápido possível. E percebeu que não estava sozinho.

O garoto com ares de fidalgo e metido consigo mesmo, como Dom Casmurro, conheceu a decepção e a frustração da pior maneira que imaginava. E descompensou. Descompassou. Desestruturou-se completamente.

As questões vinham como flechas. A sensação explodia como granadas em seu peito. O garoto metido consigo mesmo percebeu que deveria abrir as portas de seu coração, de sua mente e de seu espírito. Sentiu como aquele texto de Shakespeare, e tomou o aprendizado para sua vida. Para sua vida. Para sua existência.

Aquele garoto, que conheceu o amor, conheceu também a angústia da decepção. A decepção consigo mesmo. Aquela decepção tomou-o por completo quando ele se olhou no espelho. E desconheceu a imagem que viu.

A música ao fundo terminou e o silêncio, que pode dizer muito mais do aquilo que ser expressar, tomou o ambiente. Sentiu que não tinha nada mais a dizer, apenas a pensar.

E pensou sentiu. Pensou Sentiu. (tum tum... tum tum)...

Suas escolhas tinham levado-o pela maior estrada que deveria percorrer. E ele, em seu tempo, teve apenas que prosseguir seu caminho.

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